A chuva que estava passando por ali perguntou:
- O que a amiga está fazendo?
- Estou esperando que esses índios se ageitem, para que eu possa assustá-los! - Disse a onça toda orgulhosa.
- Mas elas não têm medo de você! - Disse a chuva fazendo pouco caso do orgulho da onça.
A onça percebendo o desdém da chuva desafiou:
- Espere só e você verá!!
A onça então, usou o seu rugido mais feroz , se posicionou por trás da palhoça, e continuou rugindo fortemente por entre as árvores da mata fechada.
Os índios ao ouvirem o rugido da onça, comemoraram dizendo:
- Amanhã nós vamos flechar a onça!
Cantavam e gritavam suas gritas comemorando:
- Vamos pegar os dentes dela e fazer um colar
- Vamos pegar o couro dela para fazer um tambor!
- Será que carne de onça é boa?
- É dura! Alguém falou
Uma velha experiente nativa Bororo orientou:
- Bota Abacaxi e fica mole!
- Vamos comer carne de onça!!
- Comemoravam!
A chuva ouviu tudo e então com ar jocoso, disse para a onça:
- Eles não tem medo de você! Agora se a amiga quer ver correria, preste atenção!
A chuva foi se aproximando da aldeia lentamente e encobriu todas as estrelas com pesadas nuvens e a noite clara se transformou em um negro acinzentado. Chamou os ventos frios e fortes, chamou os raios que cortaram os céus e seus trovões assustadores que pareciam partir a terra ao meio. Antes mesmo de cair uma só gota de chuva no chão, apavorados os nativos gritavam uns para os outros:
- Corre que lá vem chuva!
A chuva então desdenhou da onça, que a esta altura apavorada se retirava com medo de ser flechada pelos Bororos.
A chuva a acompanhou rindo em zombaria:
- Eu não disse Dona onça, eles não têm medo de você , eles têm medo de mim!!
E assim é desde então , a chuva mete medo, a onça não!
Saiba mais sobre os Bororos: